Na praia de Ponta Negra， um dos principais pontos turísticos de Natal， no Rio Grande do Norte， "o banho no mar está mais difícil" e a areia， quando chovefortune tiger qual site， passou a alagar， diz o militar aposentado e nadador Mário Silva， 60. "As ondas ficaram mais fortes. Estão quebrando mais em cima. Para crianças， está ruim de entrar".

O debate sobre esses e outros impactos com a recente "engorda" da faixa de areia tem andado aquecido. O projeto ampliou o espaço disponível fora da água na maré baixa e durante a maré cheia. Alterou a experiência na praia sob críticas e também comentários positivos.

Oficialmente， a fase de obras， iniciada em setembro de 2024， foi concluída no último sábado (25) e a previsão， segundo a prefeitura， é de que a área seja 100% liberada à população entre a próxima sexta-feira (31) e o dia 4 de fevereiro.

Um aumento de pelo menos 20% no volume de turistas na alta estação deste ano é então esperado， "graças ao apelo da nova Ponta Negra"， diz nota do município.

Trabalhadores no local contam， porém， que， ao mesmo tempo em que atraem curiosos， as mudanças na área têm afastado frequentadores.

"Muita gente tem achado a praia ‘diferente’， funda， está com medo de tomar banho com o mar agitado e preferindo ir para outras praias por causa das crianças"， diz Kerginaldo Rodrigues Câmara， 43， que tem barraca no local.

O projeto engloba área de 4，6 km onde estão os principais hotéis de luxo e o famoso cartão-postal da cidade， o Morro do Careca. Aproximadamente 1，3 milhão de metros cúbicos de areia foram adicionados à praia.

"Isso aqui é uma novidade ainda. Eu atendo muita gente que diz ‘eu vim hoje para ver a engorda’. É uma obra bonita"， frisa o vendedor ambulante Vagner Barros， 60.

"A maré colocava todo mundo para correr. Agora a gente só está encontrando dificuldade com a areia mais pesada e quente. Ela ferve. Antes， a água toda hora molhava os nossos pés. Agora， cansa mais. Eu não estava acostumado a andar em uma areia tão quente"， conta Barros.

Pedras， restos de conchas e rodolitos (algas marinhas calcárias) que foram transportados do fundo do oceano para a areia no processo da engorda também são percebidos.

De tanto ouvir falar do projeto， a professora aposentada Gesuila Pinto， 62， saiu de Nova Parnamirim， na região metropolitana de Natal， para ver os resultados com os próprios olhos.

"Foi a primeira vez que vim depois da obra. E gostei. Tem mais espaço para ficar"， disse ela na terça-feira (28). "Mas também tem um ponto negativo. O banho. As pessoas dizem que ficou fundo. Eu vou ver se vou entrar".

Perto da barraca onde estava instalada， chuvas registradas domingo (26) provocaram alagamentos na engorda e não foi o primeiro.

O sistema de drenagem não tem conseguido dar vazão à água e sofre， ainda， o impacto de ligações de esgoto clandestinas， diz o professor de Engenharia Civil e Ambiental da UFRN (Universidade Federal do Rio Grande do Norte) Venerando Eustáquio Amaro.

"Isso é uma das questões mais importantes que vêm sendo alertadas há muito tempo"， pontua ele. "Nós tivemos chuvas relativamente curtas em tempo e volume e elas já foram suficientes para mostrar a falência de caixas que foram construídas na intenção de reter essa água， de não permitir que ela escoasse sobre o aterro".

Diante da erosão em Ponta Negra， diz Amaro， a obra era necessária "para recompor a praia arenosa nesse trecho do litoral， além de ampliar a faixa de proteção contra a ação das forças oceânicas".

A engorda aventada há 12 anos hoje é vista pelo pesquisador， porém， como mal planejada， mal feita e pouco explicada à comunidade. "Sabe-se que é uma obra temporária， jamais definitiva， e seu sucesso dependia de fatores que estão sendo questionados agora".

Sobre as queixas dos frequentadores em relação à areia， a Semurb (Secretaria de Meio Ambiente e Urbanismo) afirmou que está em vias de contratação equipamentos que farão， a partir de fevereiro， a filtragem e remoção dos resíduos que ficaram.

Com relação às condições do mar， diz o município， a diferença percebida com a engorda é atribuída à ocorrência de um talude (uma inclinação na superfície) de três metros de altura， que agora requer mais cuidado por parte dos banhistas no acesso à água. "Porém， a tendência é de que haja uma suavização desse talude nos próximos quatro meses， seguindo o processo natural de acomodação do aterro"， estima a Semurb.

Segundo a Secretaria， os alagamentos na nova faixa de areia， causados por chuvas， são naturais. "Estão acontecendo agora e continuarão acontecendo， sempre que houver precipitações mais intensas".

Tais efeitos， disse a Semurb， "são previstos， mas também demonstram a boa capacidade de infiltração da faixa aterrada". "Uma absorção， aliásfortune tiger qual site， que contribui para impedir a formação de voçorocas e do arrasto de areia em direção ao mar. Acrescentamos que esse processo ficará ainda mais eficiente quando terminarem as obras de drenagem atualmente em curso na região"， acrescentou em nota.

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